Título original: This is where I leave you
Endereços: Submarino | Orelha de Livro
Gênero: comédia dramática 
Páginas: 304 em folhas amareladas
"Estamos todos rindo na foto, três irmãos se divertindo bastante com uma simples brincadeira na sala, sem compromissos, sem ressentimentos enterrados nem cicatrizes permanentes. Mesmo na melhor das circunstâncias, existe algo extremamente trágico no fato de se virar adulto." Trecho extraído da página 195
Conheci esse livro através de um e-mail informativo de lançamento da editora, há dois anos atrás. O que me atraiu logo de cara foi a combinação do título com a capa, baseada no pôster do filme. Achei muito bonita e com um ar interessante. Foi impossível não lembrar da minha família e sentir que a leitura valeria a pena, especialmente pela sensação de identificação com muitos pontos abordados, levando em conta apenas um pressentimento. Pois bem, em parte acabei errando. Jonathan Tropper se mostrou uma caixinha de surpresas e ainda não sei se isso é algo bom ou ruim. Para a primeira leitura do ano, acho que comecei dançando Macarena de salto agulha numa corda bamba. 

Sete dias sem fim nos conta a história de Judd Foxman, que em questão de dias visualiza a própria vida caminhando para o fundo do poço, comicamente. Se antes era feliz, casado com a mulher dos sonhos e trabalhando na área que gosta, em um piscar de olhos de duração perfeita para soar palpável, encontra-se dormindo em um porão alugado, sozinho, desempregado e atormentado por lembranças. E como o que está ruim sempre pode piorar, uma nova notícia cai em seu colo de paraquedas, sem muito aviso prévio, virando a sua vida do avesso e fazendo com que veja diversos fatores perante um novo prisma: seu pai acabou de falecer e seu último desejo era que a família se reunisse novamente para cumprir a shivá, que se resume em sete dias de luto por parte dos familiares, todos juntinhos no mesmo local e seguindo algumas regras básicas. O que ninguém poderia imaginar era que esse simples encontro culminaria em revelações, surpresas e tragédias, responsáveis por risos do leitor, pulgas atrás da orelha e dias de identificação com os personagens.


Despretensioso. Tinha essa exigência em mente quando fui em busca de uma leitura para iniciar o ano e graças aos céus foi exatamente o que encontrei durante essas trezentas e quatro páginas. Tropper desenvolveu uma narrativa que realmente tem um potencial enorme para entreter os amantes do cinema, o que chega a ser engraçado por conta da realidade visível de todos os pontos tratados no exemplar, que giram em torno dos malabarismos necessários para se conviver com a mãe desinibida e com os irmãos, agora todos adultos, durante um período delicado e maldoso da vida, quando importantes questões interferiram no relacionamento entre cada um. 

Estou confusa. Sendo bem sincera, ainda não sei bem como classificar essa leitura e ponderar sobre todas as pecinhas que formam a trama. Talvez por se tratar de uma história definitivamente despretensiosa e carregada por bons pitacos de sexo, nem tenha mesmo como colocar todas as sensações acima de uma balança para pesos e considerações. Não me incomodaria com isso, se não tivesse ficado inquieta e curiosa toda madrugada na qual tive que pausar a leitura para dormir. Uma complexidade desnecessária, capaz de provocar um acréscimo de cinco minutinhos clássicos que magicamente se transformam em horas. Era para ser só mais um capítulo. Li cinco.


Foi muito bacana conhecer a família Foxman. Eles representam bem a imperfeição das famílias na vida real: pais que não conseguem demonstrar sentimentos, mães que demonstram até demais e filhos que foram criados nesse mar tempestuoso, cheio de amor envolvido de forma estranha. Hill é uma matriarca muito engraçada, que se destaca pelo humor ácido e falta de timidez para conversas. Wendy é a que mais prefere ficar na sua, sentimentalmente falando; após certas desilusões, ao que tudo indica, não acredita muito no amor e aceitou o comodismo de um casamento no qual o marido é um verdadeiro banana que só pensa em negócios, não surpreendendo se chegar a esquecer o nome dos três filhos. Paul, por sua vez, é o que mais se esforça para seguir a herança de bloqueio sentimental do pai. É rancoroso ao extremo, tem uma memória de elefante e coração meio congelado, por bons motivos. Phillip, enquanto isso, é o caçula e representa bem o papel daquele parente que todo mundo tem na família. Nunca se sabe o paradeiro dele: hoje está na cidade natal, amanhã pode mandar mensagem do outro continente. Sempre que aparece, no entanto, traz uma surpresinha consigo. Ele é o mais sincero e mulherengo de todos, sem qualquer eufemismo. Chega a ser inconveniente. Não é à toa que criei uma simpatia incomum por ele. Judd, para finalizar a descrição dos Foxmans em si, é o mais perdido. Casou cedo e quando perdeu a esposa, ficou sem chão e rumo. Tem um humor negro que de vez em quando faz rir, mas na maior parte das vezes precisa de um pouco de paciência para arrancar um riso de quem está lendo de madrugada.

Penny, uma antiga paixão da época universitária de Judd, foi outra personagem que conseguiu me conquistar por ter um jeito bastante parecido com o meu. Meio que me vi em muitas das suas ações. Assim como Phillip, ela tem uma sinceridade digna de aplausos e de identificação sinistra, não curtindo mascarar as coisas. Além disso, é divertida e sabe patinar! Gente, um dia eu soube patinar também! Só não acho que possua um corpo relativamente malhado. Isso ainda está para acontecer por aqui. É promessa de ano novo que meus pneus estão exigindo que cumpra.


Sete dias sem fim é um livro bom e espontâneo, mas que deixa a desejar por uma certas características quando analisado mais calmamente. Faz rir, refletir e pensar em atitudes ilícitas para menores de idade, dependendo da situação emocional atual, assim como irrita vislumbrar o ponto de vista do protagonista para com as mulheres. Sendo amiga de homens com personalidades distintas e tendo presenciado todo tipo possível de comentários carregados de malícia, em situações corriqueiras, creio que posso afirmar a veracidade da maneira com a qual Judd, Paul e Phillip enxergam as mulheres, ultrapassando a barreira fictícia. Só que isso não tornou menos incomodo acompanhar os momentos animadinhos dos órgãos reprodutores desses Foxmans; o protagonista, em especial, não podia sequer passar do lado de uma mulher sem criar fantasias a seu respeito e atribuir adjetivos para as partes do seu corpo que mais chamaram a sua atenção. Até posso compreender pelo momento que estava involuntariamente passando; uma traição deve colocar todo o seu pacote à prova mesmo. O ponto xis é que isso não é motivo para sexo (ou quase) desenfreado e atitudes babacas. Isso me deixou agoniada e fez com que revirasse os olhos várias vezes.

Sobre os dados técnicos, a narrativa é feita em primeira pessoa por Judd, as páginas são amareladas, a fonte possui um tamanho mediano (em estilo padrão da editora) e os capítulos são relativamente curtos, possuindo números para marcação e evidências de horas com minutos em várias partes. A diagramação é simples, tendo um diferencial apenas nas primeiras palavras do capítulo, que se iniciam com uma tipografia parecida com a da marcação do capítulo, que se encontra em letras maiúsculas. Acho válido ressaltar, também, que essa foi a minha primeira experiência com um livro do Jonathan e até que curti a sua fluidez. Lerei outra obra dele em breve. Assim, em uma escala de zero a cinco, após pensar um pouquinho, atribuí nota três para o enredo. 


Para concluir, uma vez que me empolguei um pouquinho, essa é uma leitura que recomendo para maiores de dezoito anos. Isso por conta das inúmeras cenas de sexo, de insinuação dele e de uso de drogas. Palavrões e termos impróprios também estão presentes, condizendo com todo o cenário que abrange a família que protagoniza a história. Para quem quer uma leitura sem rodeios, recheada de humor ácido e negro, problemas familiares e conjugais, esse exemplar é perfeito.

Ah! Só mais uma coisa, bem rapidinha mesmo: eu amei essa capa profundamente, mas não achei muito justo terem colocado o Paul como careca. Judd comentou em um dos capítulos sobre a herança cacheada da família e embora concorde que esse visual combina muito com ele, não achei muito justo. Os outros, acabei adequando para as respectivas personalidades sem muito problema.

18 Comentários

  1. Eu amei o filme, mas ainda não tive tempo pra ler o livro. Pelo que vi, ele difere de algumas coisas do filme.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio do livro Marianas | Porcelana - Financiamento Coletivo

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  2. Oi, Jeni! Tudo bem? Nossa, só três estrelas? Que malvadeza dona Jeni eni! Eu amo esse livro. Simples assim! Ele me divertiu, me emocionou e me apaixonou! <3 Um dos melhores que já li, sem dúvidas! :)

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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  3. Oi Jeni!
    Não me interessei pelo livro, acho que não curtiria uma leitura que falasse muito sobre sexo e drogas... Vou passar esse.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  4. Amei a resenha, já tinha ouvido falar do livro!
    http://blogmichaelvasconcelos.blogspot.com.br/

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  5. Adoro livros que nos diverte e tb nos faz rir, me pareceu muito interessante e adorei a capa, a princípio pensei que fosse post de filme rsrsrs

    Bjs, Michele

    O que tem na nossa estante

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  6. Olá, Jeni.
    Eu não gostei da capa, odeio capas de filmes hehe. Por coincidência acabei de ler uma resenha de um outro livro do autor. E fiquei querendo ler os dois. Preciso conhecer a escrita do autor. Já fiquei imaginando onde essa história vai terminar.

    Blog Prefácio

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  7. Gostei da resenha Jeni. Ainda não li nada do Jonathan Trooper, mas sempre ouço ótimos comentários a respeito do autor. Uma pena que desta vez ele tenha exagerado em alguns pontos. Beijo!

    www.newsnessa.com

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  8. Olá, Jeni! Tudo bem?
    Ainda não li esse livro, mas tenho bastante curiosidade.
    Confesso que esperava uma avaliação mais positiva, mas entendi seu ponto de vista. Me parece um drama com altas dosagens de humor que tem tudo para dá certo. Como disse anteriormente, tenho bastante curiosidade.

    Até mais http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  9. Ainda não li esse livro. Na verdade tinha o marcador e sempre pensava se essa história era boa ou não...
    Não sei dizer ainda se é uma leitura que iria me prender, mas gostei da sua resenha :)

    www.vivendosentimentos.com.br

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  10. Oi :D
    Fui conhecer esse livro quando ganhei um marcador dele, por coincidência foi essa semana kkk e agora estou lendo aqui.
    Nem imaginava a história! Quero ler.


    @saymybook
    saymybook.blogspot.com

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  11. Caramba! Fiquei SUPER curiosa! Adorei a resenha! Nunca vi o filme e nem o livro, novidades puras para mim. Já vou procurar conferir!

    SEMQUASES.COM

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  12. Nãoconhecia o livro, mas achei interessante a premissa dele e todo o contexto...
    Acho que leria sim, nao no momento, porque estou passando por uma ressaca literaria das feias e tcc e tal, mas fiquei interessada hahaha uma vez que nunca tinha visto :)
    Esse negocio de problemas familiares e conjugais geralmente dao uma historia pra que falar ne, dão um trabalhaão :o

    que legal que voce tambem é parceira da Valeria! Vou procurar esse a pausa do tempo pra ler viu hahaha

    Um beijo!
    Pâm - www.interruptedreamer.com

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  13. Não conhecia esse livro,mas lendo a resenha gostei bastante e gostaria de ler.A história parece ter uma pegada de humor que eu amo nos livros.

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  14. Oi, Jeni, tudo bem?

    Mais uma vez tenho que elogiar a sua resenha. É impressionante o modo como você destrincha a história e nos faz mergulhar nela com você, parabéns!
    Apesar da sua resenha maravilhosa, eu não leria o livro. Não curti a sinopse e não curti o enredo. Já li algumas resenhas sobre ele e realmente não me interesso. O estilo do autor não chama minha atenção.
    E essa capa? Detesto capas com personagens das adaptações! hahahaha

    Beijo
    - Tamires
    Blog Meu Epílogo | Instagram | Facebook

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  15. Nunca tinha ouvido falar neste livro, acreditas? HAHAHA Me interessei bastante porque todos os gêneros e assuntos pesados que você citou na resenha me atraem. Amo ler sobre estes assuntos que a maioria passa longe porque sempre tiro um aprendizado positivo para minha vida pessoal. Resenha magnífica, e sim, a capa é maravilhosa mesmo. Já quero ler. Obrigado pela recomendação. <3

    Beijão.

    Ewerton Lenildo - Viajante das Letras.
    viajantedasletras.blogspot.com

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  16. Não conhecia, mas parece ser muuuuuuito bom. É o tipo de leitura que eu gosto, mas sei la hahah, achei que você não gostooou taaaaaanto assim do livro. A capa realmente é demais.

    Beijos, Love is Colorful

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  17. Oi, Jeni, sua linda!
    Adorei a sua resenha, foi a primeira que li desse livro. Eu tenho ele, ainda não o li, mas confesso que fiquei com vontade.
    Não gosto muito das cenas de sexo, mas se forem bem temperadas e estiverem de acordo até não fica tão ruim (ruim é livro erótico que não tem pano de fundo nem história, só serve para apresentar essas cenas mesmo).
    Vou ver se encaixo para ler ainda esse ano (sei que pareceu dramático, mas a lista só aumenta kkk); os personagens da família me interessaram muito.
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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  18. Eu não conhecia o filme e muito menos o livro, mas ambos me pareceram ser bem interessantes.
    Gosto desse tipo de historia com "família problemática", vou procurar esse livro para ler com certeza.
    xoxo

    Planeta94.blogspot.com

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