Título original: Run, rabbit, run
Endereços: Compre aqui | Orelha de Livro
Gênero: Literatura juvenil
Páginas: 236 
"Mas eu dei de ombros e voltei as costas para ela, porque não tinha nenhuma vontade de conversar. Apoiei minha testa na porta para que meus óculos se enfiassem  no meu nariz e me machucassem. Isso era nada. A dor lá dentro era muito pior." Trecho extraído da página 154
Não consigo me lembrar da última vez em que fui arrebatada por uma leitura de tal forma a ler por muitas horas seguidas sem pensar em pausar para descansar a vista problemática, mudar de posição no sofá ou tomar uma água para ajudar na absorção de tantos acontecimentos. Simplesmente não consegui desgrudar os olhos dessas páginas puramente mágicas e envolventes até o seu fim. Se comentasse que fiz uma leitura tranquila, estaria mentindo, sobretudo porque a autora deixa uma nota na obra na qual revela que a história é baseada em fatos reais - embora os personagens sejam fictícios. Literalmente devorei essa história no final de semana e agora quero mais!

Fuja, coelhinho, fuja de Barbara Mitchelhill, nos conta a história chocante de uma família pacifista em meio à Segunda Guerra Mundial, que para se manter unida precisa enfrentar diversos obstáculos, como a incompreensível maldade alheia, contando com as boas cartas nas mangas que o destino parece fazer questão de guardar a sete chaves para ocasiões especiais. Elizabeth, Freddie e William Butterworth representam os papéis das milhares de pessoas que tiveram suas vidas viradas ao avesso por conta das consequências que a batalha trouxe e necessitado carregar ainda o peso de ter uma consciência diferente dos alienados das trincheiras, treinados para matar aos inimigos. Não sabem como estou eufórica para contar as minhas impressões de fato sobre essa leitura incrível. 


Santa seja a minha visão superficial por escolher um livro pela capa e a editora por recomendar essa primeira leitura pra mim. Estou apenas fascinada! Quero dizer, é impossível não criar uma conexão com essa história e ficar preso a ela desde o momento em que se passa da página inicial. É como se os personagens, desde o primeiro contato, passassem a ser reais de verdade e amigos íntimos nossos, fazendo com que as suas emoções e aflições sejam as nossas também. Criei um vínculo principalmente com a Lizzie, diante de tamanha ousadia e determinação.

Acredito que hoje não é aniversário da Barbara Mitchelhill, mas ela está de parabéns (piscadela de pedreiro). Caramba, a autora soube conduzir a história direitinho e transformar uma narrativa em primeira pessoa que poderia muito bem ser cansativa diante do pano de fundo histórico, com um clima super leve e gostoso, atribuído pela dona Lizzie, portadora de uma personalidade ímpar para a sua idade! Para se ter noção, não tive vontade de largar esse livro em hora alguma. Nas poucas vezes em que retomei a leitura, me senti dentro da história e totalmente fora da realidade. 


Se tem algo que chamou muito a minha atenção logo de cara foi o pensamento e o comportamento de todas as crianças dessa história. Assim, elas não são crianças de verdade, do tipo sempre despreocupadas e sorridentes, uma vez que a infância foi modificada pela maldita guerra - ficou bem claro o impacto que a mesma causou na formação delas e tive que levar muito soco no estômago, por assim dizer, para aceitar isso. Fiquei pasma com as situações tensas que tiveram de enfrentar durante esse período, tendo que adotá-las para a normalidade, como observar aviões de bombardeiro no céu noturno sendo quase derrubados por canhões inimigos, na maior excitação.

Quando me deparei com esse título, logo imaginei que fosse um livrinho infantil bobinho de capa estupidamente perfeita que lembra muito uma melancia. Mas não se enganem, porque como a essa altura devem ter percebido, isso não tem nada a ver. Fuja, coelhinho, fuja na verdade é um título que tem uma ligação gigantesca com a história, diante da fuga constante dos protagonistas, especificamente do pai da Lizzie, da polícia pela recusa de luta na guerra. Quem diria? Lembrando que ninguém precisa pensar em me bater, pois isso não é spoiler. Estou só esclarecendo um ponto que já consta na própria sinopse. Reforçando apenas para terem uma visão certinha do livro. 
 
São muitos os personagens encontrados e todos tiveram um papel a cumprir para o desenvolvimento da trama, embora os protagonistas mesmo sejam Lizzie, Freddie (um garotinho mega meigo que sem querer dá com a língua nos dentes nas piores horas possíveis) e William (um homem maravilhoso, do bem, que não encontra sentido na matança e que merecia um oscar por amar tanto os seus filhos e demonstrar isso sempre) que é pai dos dois. Lizzie, como comentei anteriormente, foi a personagem que me conquistou. Talvez por ter gostado da sua maneira de se expressar, facilmente vista pela narrativa comandada por ela, porém sua inteligência, coragem e opinião com certeza também tiveram importância na escolha. Consegui sentir na pele os sentimentos profundos dela pelo irmãozinho Freddie, diante de tantos imprevistos envolvendo a fuga, o que só somou mais pontinhos a seu favor. Sem mencionar a sua vontade de ajudar ao pai a todo momento, mesmo em trabalhos mais pesados. Ela é do tipo de personagem que mesmo tendo todos os motivos do mundo para reclamar e virar as costas para a vida, agarra com força o que lhe foi presenteado, corre atrás do que quer e não solta um pio para o que dá errado. Quero ser igualzinha a ela quando crescer.



Resumindo para não escrever uma enciclopédia, Fuja, coelhinho, fuja é um livro perfeito que devia ser obrigatório para todos os públicos. Realizar a leitura dele foi como assistir a uma aula de História de maneira natural, uma vez que trata diversas questões através de uma narrativa bem desenvolvida, recheada por personagens magistralmente construídos e marcados pela guerra, além de brindar ao leitor com diversas mensagens tocantes dignas de conferência.

Sobre os dados técnicos, a narrativa é feita em primeira pessoa pela protagonista Lizzie, os capítulos são razoavelmente curtos e estão devidamente enumerados, a fonte possui um tamanho muito bom para leitura, as páginas são brancas e a diagramação está impecável, repleta de desenhos com um coelho e esses triângulos da capa em diversas partes alternadas. Me surpreendi por não ficar com a vista cansada pelas páginas brancas como normalmente fico - pareceu até que quanto mais lia, melhor estava ficando para ler. A revisão me deixou boquiaberta também, uma vez que não encontrei um errinho sequer nela. O capricho da editora se mostrou notável e admirável! E, claro, em uma escala de zero a cinco, essa leitura levou cinco e foi direto para os favoritos. 

14 Comentários

  1. Eu ainda não conhecia o livro, a sua é a primeira resenha que leio dele. Pelo titulo também imaginei algo mais infantil. Que bom que o livro te surpreendeu tanto. Pela sua empolgação na resenha, anotei ele aqui, se der eu vou ler.

    Blog Prefácio

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    1. Oi, Sil! Ah, fico muito feliz em saber que te apresentei a ele. E sério? Imaginei que fosse a única! Chega a ser até reconfortante em saber disso.
      Leitura super recomendada, Sil! Vale muito a pena!
      Um beijo!

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  2. Gostei da resenha Jeni. Não imaginava que o livro fosse tão intenso e nem que abordasse a Segunda Guerra Mundial. Dica anotada! Beijo!

    www.newsnessa.com

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    1. Oi, Vanessa! Obrigada, fico feliz. Espero que tenha a oportunidade de lê-lo também!
      Um beijo!

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  3. Bom, eu já falei no Facebook que AMEI a resenha e estou doente para lê-lo! Eu esperava achá-lo na Amazon digital (me empolguei com o Kindle), mas não tem... sniffff
    E no site da editora achei tão caro... R$ 42,00 ainda é um assalto pra uma mamãe cuja moeda de troca é fralda hahaha
    Espero que o preço baixe um pouquinho rs
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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    1. Oi, Abuchaim! Ai, você é tão fofa! Não sabe como fico feliz em saber que curtiu tanto conferir as minhas impressões a respeito do livro. Logo quando terminei a resenha, lembrei de você ter dito que era pra te chamar quando a publicasse e foi o que fiz! Hahuahu.
      Acho que só está disponível mesmo no site da Biruta, mas é como te disse: assim que souber de um descontinho nele, vou correndo de chamar e te passar o link! Vale a pena a leitura!
      Um beijo!

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  4. "Quando me deparei com esse título, logo imaginei que fosse um livrinho infantil bobinho de capa estupidamente perfeita que lembra muito uma melancia." MUITO EU! HAHAHA Mas agora estou muito curiosa e já marquei esse livro como desejado porque já não é a primeira resenha positiva que eu vejo dele! *-* QUERO!

    Tici | www.bibliophiliarium.com

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    1. Oi, Tici! Hahuahuhau. Tem que falar a verdade, né? Pensei isso mesmo! u_u
      Você precisa ler, cara!
      Um beijo!

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  5. Oi Jeni, tudo bem?
    Nossa, olhando apenas pra capa, nunca que eu imaginaria que o livro seria tão profundo assim. Fiquei muito curiosa, em especial porque se passa na segunda guerra. Amo histórias ambientadas nesse período. Dica mais do que anotada.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    http://amanda-almeida.com.br

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    1. Oi, Amanda! Tudo ótimo e com você?
      Nem eu imaginava e fui pega de surpresa!
      Um beijo!

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  6. Jeni, como comentei com você, precisava de uma resenha sobre esse livro para definir se o solicitaria ou não. Se você tivesse lido alguns dias antes, essa teria sido minha segunda solicitação do ano, afinal você simplesmente conseguiu despertar um interesse que aparentemente estava guardado, apenas esperando que alguém o puxasse para fora. E você o fez!
    O livro parece reunir todos os elementos que gosto e, mais do que isso, trata de um dos meus temas favoritos. Se não ficasse curioso deveria ficar preocupado, pois estaria enfrentando algum tipo de problema muito sério. haha
    Vou ler. Com certeza vou ler!

    Beijos,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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    1. Oi, Ricardo! Não sabe como fico feliz em saber disso!
      Leia sim! Vale super, super a pena!
      Um beijo!

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  7. Que resenha linda, super empolgada e me fez ler até o final... hahahaha

    A capa e o título parece mesmo de um livro mais infantil, mas a história me pegou. Bem isso não é propriamente um defeito, gostei dela da mesma forma.
    Vou colocar na minha estante. Valeu!

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    1. Oi, Camila! Ah, fico tão contente em saber disso! Hehehe.
      Não tem de quê! Espero que goste da leitura tanto quanto eu!
      Um beijo!

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